quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O Motoboy e o Transtorno da Atenção e Hiperatividade



altÉ o que versa o projeto de lei número  7483/10, do deputado Osmar Terra, do PMDB, que está sendo analisado pela câmara.

O projeto de lei estabelece que todo motociclista deverá realizar um teste para avaliar se o mesmo é portador do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

O teste será realizado durante o exame de aptidão física e mental, obrigatório antes da expedição e renovação da Carteira de Habilitação.

O projeto é fundamentado em uma pesquisa realizada recentemente com motoboys em Porto Alegre, a qual demonstrou forte relação entre o TDAH e a atividade de motofrete. De acordo com o deputado, a implementação da lei visa reduzir a quantidade de acidentes de trânsito provocados por motociclistas, o que será feito por meio de diagnóstico e tratamento precoce do Transtorno.

Osmar Terra, que também é médico, graduado pela UFRJ, e especialista em Saúde Perinatal, Educação e Desenvolvimento do bebê pela UnB, explica que “Desatenção, dificuldade de concentração, agitação, impaciência ou gosto pelo risco, entre outros, são fatores de indução à direção perigosa e potencializam a ocorrência de acidentes”, caracterizando implicitamente os motociclistas como principais vítimas deste trantorno.

O argumento do deputado é que existe uma associação entre ser portador de  TDAH a ser motociclista ou motoboy.
Mas será que se tornar motociclista é que faz desenvolver o transtorno, ou quem tem o transtorno é que se torna motociclista? Qual é a relação entre causa-efeito? Ou quem sabe, será este mais um exemplo de preconceito, ou ainda de uma estratégia de mercado?Afinal, qual é o tratamento "de escolha" para o TDAH? Medicação. E quem costuma ditar a conduta médica, financia viagens, cursos, e várias outras coisas para os médicos? A indústria farmacêutica; que será a grande beneficiada deste projeto de lei.

Conforme explica Roberto Luiz D`ávila, Conselheiro do CFM,  indústria farmacêutica possui os médicos e dita o curso da educação e da pesquisa e, em última análise, da própria prática da medicina em níveis previamente inimagináveis. Está em moda fazer Lobby no nosso legislativo. Será esta lei mais um exemplo? Cabe a nós, psicólogos e psiquiatras éticos, questionar a patologização constante do ser humano, investir na promoção de saúde e lutar contra o que pode estar por trás de leis como esta.

Polêmicas a parte, acredito que o comportamento de imprudência da maioria dos motociclistas deve ser avaliada e diagnosticada, bem como se traçar estratégias  e tratamentos ao combate dos acidentes cada vez mais constantes.

Achei essa proposta bem pertinente e quis compartilhar com vocês!

Até a próxima!

Rubens Prado

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Saúde Mental e Trânsito

Pesquisas realizadas afirmam que os transtornos mentais causam pouco mais de 1% das mortes e são responsáveis por mais de 12% das incapacitações por doenças em geral e este número cresce para 25% em paises desenvolvidos. As pesquisas revelam também , que das 10 principais causas das incapacitações 5 são transtornos psiquiátricos, sendo a depressão responsável por 13%, o alcoolismo por 7,1 %, o transtorno obsessivo – compulsivo por 2,8 % , a esquizofrenia 4% e o transtorno bipolar por 3,3% ( LOUREIRO, 2000 ).

Um indivíduo com transtorno mental geralmente apresenta alterações nas suas habilidades, que podem interferir no ato de dirigir, aumentando a sua probabilidade em se envolver em acidentes de trânsito.

A atenção dos indivíduos é uma das habilidades que experimenta alterações em todos os transtornos mentais. Nos estados hipomaníacos o sujeito consegue manter sua atenção em cada objeto por apenas um breve espaço de tempo; na depressão há lentidão e dificuldade de concentrar a atenção e nas neuroses habitualmente, há exaustão da atenção e distraibilidade.

Mesmo sob tratamento medicamentoso o indivíduo com transtorno mental sofre alterações nas habilidades para conduzir veículos , pois os medicamentos muitas vezes, apresentam efeitos colaterais perigosos para o ato de dirigir, como por exemplo: sonolência, dificuldades de concentração, longos tempos de reação, irritabilidade , ansiedade, perturbações esporádicas da memória. Por está razão é de extrema importância que o paciente com transtorno mental e as pessoas responsáveis por este paciente busque o acompanhamento de um médico qualificado a fim de observar, monitorizar de perto o surgimento dos efeitos colaterais e fazer os ajustes para que os efeitos adversos sejam instituídos logo que possível.

Na avaliação psicológica para obtenção da permissão para dirigir , existe um consenso nas opiniões de profissionais e pesquisadores da área, sobre a necessidade de se investigar as características de personalidade do motorista acidentógeno, através de instrumentos psicológicos padronizados ( testes ) , procurando detectar os transtornos e sua propensão a acidentes.Quanto mais informação se tem sobre o motorista, como o conhecimento de traços de personalidade, mais possibilidades se terá de tomar providências para prevenir o alto índice de acidentes de trânsito.

Podemos observar uma carência de estudos e pesquisas, que aborde a questão das conseqüências que um indivíduo com transtornos mentais pode trazer para o trânsito. O artigo, “Transtorno de personalidade e propensão a acidentes de tráfego”, publicado pela Associação Brasileira de Acidentes e Medicina de Tráfego ( ABRAMET, 1999 ), junto com alguns exemplos de comportamento citado por BARLOW (1999), abordam e fornecem uma visão voltada para o assunto.

Vamos a eles:

. Personalidade Ansiosa ( Esquiva ) : situações agorafóbicas típicas incluem viajar de carro. A agorafobia leve é exemplificada pela pessoa que hesita em dirigir sozinha por longos percursos, mas consegue dirigir, por exemplo, ao trabalho. A agorafobia moderada é demonstrada pela pessoa que dirige dentro de um raio de pouco mais de 8 quilômetros de casa, mas somente acompanhada. O indivíduo pode ter medo de ficar tão ansioso enquanto está dirigindo e, nessa ocasião, de perder o controle da direção, sair da estrada e morrer, pois os sintomas de inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele, a dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente, irritabilidade, podem afetar o ato de dirigir , levando-o a propensão de acidentes.

. Transtorno de Personalidade Obsessivo-compulsivo: pode ser o que provoca menor comprometimento, já que o perfeccionismo, atenção a detalhes e perseverança, podem ser traços bastante desejáveis, principalmente na esfera profissional; mas no trânsito estas pessoas são as vítimas naturais dos causadores de acidentes. Escrupulosas e cautelosas, seguem a lei rigorosamente, prejudicando e atrapalhando os apressados, “furadores de fila”, velocistas e imprudentes de modo geral. Podem estar à frente de engavetamentos e em meio a colisões em semáforos ( já pára no amarelo... ), neblinas e em situações de fluxo alto e rápido, grandes marginais, por exemplo. Muitos obsessivo-compulsivos tem medo de que algo terrível aconteça, se eles não conseguirem executar seus rituais. Alguns temem em matar alguém enquanto dirigem, levando-o muitas vezes a frear repentinamente enquanto dirigem, por medo de ter atropelado um pedestre.

. Personalidade Dissocial: anti-sociais e egoístas, não hesitam em tirar ou levar vantagens sobre quem quer que seja. Interessados em alguém ou alguma coisa, não medem as conseqüências para obter o que lhes interessam. Em “ação”, não respeitam sinalização, locais de estacionamento, semáforos, conversões proibidas, pedestres. O acidente típico é a fuga desastrada quando perseguidos.

. Transtorno da Personalidade com Instabilidade Emocional: tendem a ser impulsivos, violentos e imprevisíveis, dirigem conforme o momento emocional. Distraídos, calculam mal as distâncias e obstáculos; abusam dos veículos e pedestres. São pessoas perigosas no trânsito, porque súbita e abruptamente, fazem manobras arriscadas em velocidade impróprias e provocam pequenas e grandes colisões. Abusam, muitas vezes, de substâncias, sob a influência de álcool ou drogas conduzem de forma imprudentes , adotando muitas vezes um comportamento auto-destrutivo.

. Personalidade Histriônica: apresentam baixos limiares de tolerância à tensão e à frustração. Sob pressão excessiva ( como no trânsito ) perdem o autocontrole, a coordenação motora e a orientação tempo-espacial. Como freqüentemente expressão a emoção com exageros inadequados, podem expressar sua raiva como fúria intensa, levando a situações de riscos, como aquelas em que o motorista, acompanhante, passageiro ou pedestre brigam entre si, dentro e fora dos veículos.


PRESA ( 2002 ) diz que não podemos aconselhar que todos os motoristas devam fazer psicoterapia, porém devemos alertar que a saúde mental do motorista deve ser cuidada no sentido de auto-conhecimento acerca de seus sentimentos de irritação, raiva, fúria, etc., diminuindo assim os elevados números de mortos e feridos no trânsito.

A formação de pesquisadores nas universidades é um dos caminhos mais rápido para a evolução e geração de conhecimento e prevenção dessa epidemia de acidentes no trânsito ; quando detectados estes indivíduos, antes da autorização para dirigir ou depois , deveriam ser encaminhados para uma orientação, para algum atendimento ( grupos de reeducação, acompanhamentos psicológicos ou outras alternativas criadas pelo órgão responsável em parceria com Universidades ). Isto, seria de grande importância para diminuição dos problemas de violência no trânsito.



Texto base Psicologia e Transito - Revista  de Saúde Mental - HC Marília -SP.




Psicólogo Rubens Prado

domingo, 10 de outubro de 2010

Pedestre.Aprenda a caminhar com segurança

No trânsito da cidade as pessoas cumprem diversos papéis como cidadãos. Quando estão dentro de um veículo - seja um carro, ônibus, moto ou bicicleta - são motoristas ou passageiros e devem comportar-se com segurança, dirigindo com atenção, usando capacete ou cinto de segurança nos bancos da frente e traseiros. Quando estão caminhando, são pedestres e também devem ser responsáveis e cuidadosos no trânsito.
    O pedestre deve cuidar da sua segurança e andar com muita atenção, pois não possui acessórios ou equipamentos de proteção contra as situações de risco que enfrenta no dia-a-dia do trânsito. Por isso é muito importante seguir algumas regras de comportamento, como respeitar as placas, faixas e sinalizações, para prevenir acidentes.
    A imprudência é a principal causa de acidentes envolvendo pedestres.
Ver e ser visto
    Esta é a principal regra para os pedestres. Estar atento ao movimento dos veículos e certificar-se de que também foi visto pelos motoristas. É preciso fazer contato visual com o condutor para certificar-se que ele identificou a sua presença.
Caminhando
Ande sempre pela calçada e afastado da rua;
 Em estradas ou vias sem calçada, caminhe mais à esquerda possível, no sentido oposto ao dos carros para poder ver e ser visto;
 Quando acompanhado de mais pessoas, ande em fila única;
 Evite caminhar com fones ouvindo musica. Além de diminuir a atenção, o pedestre deixa de ouvir os ruídos que podem indicar a aproximação de um veículo;.
Atravessando ruas
Durante a travessia, nunca volte para buscar objetos caídos no chão;
 Atravesse a rua sempre pela faixa de travessia;
 Ao atravessar na faixa, caminhe pelo lado direito. Se todos andarem ordenados, o fluxo melhora;
 Atravesse sempre em linha reta: é o caminho mais rápido até o outro lado da rua;
 Obedeça a sinalização. Nos cruzamentos em que existem semáforos para pedestres, só atravesse a rua quando estes estiverem abertos;
 Só ultrapasse na faixa quando todos os carros estiverem parados, mesmo que exista um semáforo;
 Em vias de grande movimento ou de alta velocidade, procure utilizar as passarelas;
 Ao desembarcar de um veículo saia pelo lado da calçada e aguarde que ele se afaste para iniciar a travessia. Nunca atravesse a rua por trás de ônibus, carros, árvores ou outros obstáculos que impeçam que os motoristas o vejam.
    Para atravessar, a melhor opção sempre é seguir até o semáforo para pedestres e aguardar a sua vez de passar, caminhado pela faixa de segurança. Mesmo quando o sinal estiver verde para o pedestre, espere os veículos pararem e confira se o motorista percebeu a sua presença. Só então atravesse a rua.
E não se esqueça nunca.
Nem sempre o caminho mais curto é o mais seguro.
Até a Próxima!
Escreveu Psicólogo Rubens Prado

Texto base: Manual EPTC (Prefeitura de Porto Alegre)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

PSICOTESTE O que é isso?



Nas preleções  realizadas com os candidatos recebo muita opinião sobre avaliação psicológica. Uma grande maioria tem uma visão muito rasa e errônea sobre os testes.

Contam-me que já fizeram um psicoteste numa determinada ocasião e que mandaram fazer uns “traçinhos", "tinha também um livrinho com varias figuras pra coordená-las" e outra de "números pra marcar em seqüência.”.
Escuto ainda que psicoteste seja coisa pra ver se a pessoa é "maluca" ou somente pra verificar a coordenação motora e habilidades.
Mas para que serve esses testes e o que eles realmente avaliam?
Sem duvida essas respostas deixam a desejar.

O Psicoteste sempre deve ter um objetivo dentro do requisito proposto.
No caso de psicoteste para aquisição da Carteira de Habilitação,os testes avaliam atenção, características de personalidade e raciocínio lógico. Na personalidade é verificado  tcaracteristicas de humor,ansiedade, depressão, agressividade, relacionamento interpessoal aceitação de regras e normas,dentre outros.

E o resultado depende do candidato. E não do psicólogo como muitos pensam. 
Já ouvi coisas como - "Já fiz um psicoteste e o psicólogo me reprovou!”. 
E outros vão mais além - "O psicólogo não foi com a minha cara e por isso me reprovou...”. 
Isso é improvável.

O resultado de um teste psicológico depende do candidato, suas aptidões ao requisito proposto e de como ele está no momento em que realiza o teste.

É natural ficar ansioso em toda situação avaliação, mas deve se ter um controle, pois é a ansiedade excessiva que pode prejudicar o desempenho necessário para uma resposta positiva do teste.
 Dormir bem e ir descansado, estar alimentado, com tempo disponível e sem preocupações são algumas condições essenciais.

Seguindo essas dicas simples, você terá um bom resultado.

E não esqueçam. Quando for realizar uma avaliação psicológica, independente do objetivo do psicoteste, pergunte os que os testes estarão avaliando. É um direito seu!

Até a próxima!

Escreveu
Psicólogo Rubens Prado

Mandem sugestões, duvidas e experiências vividas.